quarta-feira, 21 de abril de 2010

5º Ciclo - 2ª Sessão

Mais um que chegou ao fim.

Desta vez não querias ir.
Disseste que ias ligar a dizer que desta vez, não ias!
Que ias mais tarde...num outro dia, qualquer um, não interessava.
Querias mais uns dias.
Estavas mesmo decidido.

Andas divertido, feliz, ocupado, não querias parar.
Sabes que esta fase custa muito, a pior talvez, não te sentes doente e vais lá e vens feito num oito, como é que dá para entender isto?

Não te pude dar conversa.
Tinha medo que, se te contrariasse o fizesses mesmo e se te desse muita conversa, achasses que o podias fazer, que te estava apoiar, que não tinha mal.
Não te disse nada. Não sabia o que dizer.

Ficaste impossível, ficas cada vez mais. Não tem mal.
Eu entendo-te, vejo o que passas e o que tentas disfarçar para que ninguém note.
Mas eu sinto-te.

Não achas graça a nada, nem às minhas piadas parvas, que sempre te fizeram rir.
Estás todo dorido, as tuas veias estão cansadas e queimadas, os músculos falham quando precisas deles, as caimbras não te largam e surge sempre uma dor nova, todas as semanas há uma coisa nova.

Estas revoltado, triste e confuso. Estás sempre a fazer e a refazer planos, a acreditar e a duvidar, a querer e a não querer.

Fui ver-te lá dentro, estavas com um ar tão triste, tão frágil, eras o mais novo e o mais indefeso.
As enfermeiras tratam muito bem de ti, és o menino delas, a alegria, assim que chegas lá, brincas com todas e elas adoram-te. Tu sabes.

Desta vez ainda passaste pior.
Hoje estás de rastos.

Mas está quase, quase, quase, quase...

Gosto muito de ti e sim, fazes-me muita falta.

Um beijo.



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