sábado, 5 de dezembro de 2009

Se Deus existe....

Entre um diagnóstico e outro muita coisa se passou.
A tal bióspsia, feita no HUC pelo Dr. J.B., após 3 semanas de espera, porque alguém foi de férias e não passou a pasta a outro, (o que, pelos vistos é normal!!...), não foi conclusiva. Foi feita no pescoço, ao tal "caroço" que os médicos chamaram de adenopatia, e que é o nome que se dá a um gânglio linfático que aumenta de tamanho.
Gânglios linfácticos são pequenos orgãos que existem em vários pontos do nosso sistema linfático e que actuam na defesa do nosso organismo. Quando temos uma constipação, por exemplo, é normal termos uns ganglios, a que os antigos chamam ínguas, aumentados e até dolorosos, abaixo da linha do maxilar, mais ou menos ou então junto à base das orelhas.
Foi-nos explicado que provávelmente a parte do gânglio linfáctico aumentado que tinha sido tirado, era só tecido inflamado, ou seja, não foi retirado por inteiro e o que foi tirado não continha material suficiente para se fazer um diagnóstico.
Depois disso foi encaminhado para os Covões, para outro médico o Dr. C. de M. que decidiu fazer uma biópsia, a uma massa que aparece no TAC, no mediastino.

Mediastino é uma região no meio do toráx, que aloja o coração, os pulmões e grandes vasos.
Foi então operado nos Covões, dia 15 de Outubro, fez uma mediastinotomia, para fazer bióspia a essa massa.

Bióspia, é um procedimento cirúrgico que consiste em retirar uma ou mais amostras do tecido "duvidoso" para análisar em laboratório. Estas análises são fundamentais e sem elas, é impossível fazer um diagnóstico correcto.
A tal mediastinotomia, foi uma "operaçãozinha", com anestesia geral, que lhe valeu 3 dias de internamento e 12 agrafos no peito, em cima da mama esquerda.
Dia 3 de Novembro chega o resultado, um quisto. Ora, um quisto, não é diagnóstico de coisa nenhuma e não é compatível com a massa que ele tinha no toráx. Ficámos então de ir ter com a S. a Leiria para pudermos falar e ver o que fazer.

Decidiu-se primeiro que se faria mais um exame, um tal de PET, mas depois, consultando o Dr. C. de M. decidiu-se tentar fazer nova bióspia guiada por Eco e novamente com agulhas, em Leiria.
E assim foi. Uma tentativa, mais uma, de se analisar um outro gânglio inflamado, para evitar assim técnicas mais agressivas. Mas, mais uma vez e após outros tantos desencontros, porque connosco parece que acontece sempre qualquer coisa, as lamelas estiveram meio perdidas, "estacionadas" na mesa da S. que, no dia que nos recebeu em Leiria, contraiu Gripe A e teve de ficar em casa, então algum iluminado achou que em cima da secretária dela é que deviam estar as lamelas para análise e lá estavam de facto.
Só quando ela ligou para lá, de casa, é alguém lhe explicou o sucedido...
E mais uma vez, inconclusivo.
Novo TAC, novos exames, novas análises e nova biópsia marcada. Mais uma vez nos Covões, com o Dr. C. de M., que foi muito amável e esteve a conversar connosco e se colocou ao dispôr para esclarecer todas as nossas dúvidas, mas a verdade é que, no momento elas nem surgem.
Então, dia 19, foi ele novamente operado, desta vez uma toractomia, ou seja um grande corte nas costas, do lado esquerdo, desde debaixo do braço, ao nível do cotovelo, por baixo da omoplata em direcção ao pescoço. Duro, muito duro. Esteve 7 dias internado, muitas dores, 44 agrafos mais 2 agrafos e 2 pontos em cada dreno, dois drenos.
Mas desta vez deu, a espera foi um desespero, mas desta valeu...

Em todos estes momentos, como vocês sabem, a minha vida é uma confusão por causa das miúdas. Não tendo a minha Mãe por aqui, a minha irmã nem sempre dá para contar com ela, tem-me valido, e muito, a ajuda dos amigos. Claro, todos têm ajudado, uns de uma forma outros de outra, mas a C. ( e o marido S., claro!) tem sido incassável e tem sido realmente o meu braço direito. Posso contar com ela para tudo, também ajuda é claro, sorte a minha, azar o dela, o facto de ela não estar a trabalhar, mas a verdade, é que ela não tem obrigação nenhuma e também tem dois filhos pequenos, o marido para apoiar, a casa para acabar de construir e muitas outras mil coisas a fazer. Mas tem arranjado sempre tempo para me apoiar e tratar de tudo o que diz respeito às miúdas, quando não estou. Nunca me parece farta, cansada ou assoberbada.

A verdade, é que, se anda, não mostra, tem sempre um sorriso maravilhoso e contagiante e faz-me acreditar que tudo está bem, dizendo coisas como; " - Não te preocupes, não há problema nenhum, os amigos são para estas coisas mesmo, não é só para festas e jantaradas!".
Os sacrifícios, ela também os faz, corre para apanhar os 4 miúdos em escolas diferentes à mesma hora e, por vezes, pede à família que lhe vá buscar a filha à escola a pé, que é relativamente perto de casa, para poder ir buscar as minhas filhas.

Agradeço-te por isso, a ti, ao teu marido e a essa vossa familia maravilhosa, nessa pensão tão peculiar, que são um suporte enorme, até para mim quando preciso de um colo.



Ontem sabia que a C. ia ao médico, mostrar uns exames que tinha feito, a médica não gostou de uns resultados e decidiu encaminhá-la para fazer novos exames, desta vez no IPO.

Se Deus existe...deve andar cansado e distraído!
Dá vontade de perguntar:
"-Então, meu?!..."

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